“Estamos às portas de um regime fascista que quer acabar com a liberdade de pensamento. As tentativas neste sentido já podem ser vistas pelas perseguições e os cortes orçamentários promovidos pelo atual governo contra as universidades federais”, denunciou o presidente do PROIFES-Federação, professor Wellington Duarte, na manhã desta quinta-feira (06/10), na abertura do II Encontro Nacional de Ciência e Tecnologia do PROIFES-Federação. O evento segue até sexta-feira (06), no Adufg-Sindicato, em Goiânia.
O presidente do Adufg-Sindicato, professor Geci Silva, também criticou os ataques do atual governo à educação e ressaltou a importância do evento. “Debater questões sobre ciência e tecnologia em um momento tão difícil é fundamental, principalmente diante da redução orçamentária”, criticou.
A 1ª vice-presidenta do Adufg-Sindicato, professora Luciene Dias, lembrou os participantes dos diversos problemas sociais enfrentados pelo País. Ela lembrou, ainda, dos mais de 30 milhões de brasileiros e brasileiras que passam fome. A docente convidou os participantes a pensarem sobre o lugar da ciência e da tecnologia na resposta ao drama social representado pela fome.
Ciência e soberania
O primeiro debate do evento levantou questões como as consequências sociais e tecnológicas da atual política de desvalorização da ciência. Em sua fala, o ex-presidente da Acadêmica Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich, falou sobre as ameaças à ciência e à soberania nacional que o Brasil tem vivido. Ele lembrou as tentativas de desmonte da ciência e os cortes orçamentários realizados pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra as universidades federais.
Luiz destacou, ainda, a importância do desenvolvimento científica e da proteção da biodiversidade. “Pensando em soberania, um dos elementos fundamentais seria aproveitar os recursos naturais do País de forma sustentável. Ao mesmo tempo que é possível tirar lições da biodiversidade, é possível protegê-la”, defendeu.
O ex-presidente do Instituto Nacional de Ciências Especiais (INPE), Ricardo Galvão – que foi exonerado do cargo após rebater as tentativas de Bolsonaro em desqualificar os dados de desmatamento aferidos pelo órgão -, também participou do debate. Ele abordou, entre outros assuntos, a falta de políticas públicas voltadas à ciência brasileira.
Ricardo também lamentou que políticos que têm contribuído com os ataques à área tenham sido eleitos nas eleições do último domingo (02). “No meu estado, que é São Paulo, tivemos a vitória da grande defensora do meio ambiente Marina Silva. No entanto, ela foi eleita com três vezes menos votos do que o destruidor das florestas, que é o ex-ministro Ricardo Salles”, lamentou. “Infelizmente, a própria sociedade não tem entendido a importância da ciência”, completou.
Mediadores do debate, o diretor de Ciência e Tecnologia do PROIFES-Federação, Ênio Pontes, e o diretor administrativo do Adufg-Sindicato, professor Flávio Silva, também criticaram as tentativas de desmonte da ciência, da tecnologia e da pesquisa que o governo tem feito no Brasil. “Precisamos estar atentos às discussões políticas. O futuro da ciência depende do resultado das eleições”, disse Ênio. “Nunca houve um governo que tentou tantas vezes destruir o ensino e a pesquisa quanto o atual”, completou Flávio.
Foto e texto do PROIFES-Federação