Ontem, 06 de maio, ocorreu a Assembleia Geral das/dos docentes da UFSCar para tratar do calendário de mobilização da categoria diante da adesão à Greve Nacional das/dos Servidoras/es da Educação Federal. A AG ocorreu presencialmente em todos os campi, com transmissão simultânea do debate e da votação.
A deliberação pela adesão à greve foi realizada na segunda-feira passada, 29 de abril, com 216 votos favoráveis, 147 votos contrários e 9 abstenções. De acordo com a profa. Fernanda Castelano Rodrigues, presidenta da ADUFSCar: “Após o início da greve da educação federal, o Governo Federal tem reformulado as suas propostas com relação às nossas reivindicações. Temos avaliado de forma positiva a mobilização, porque a pressão tem gerado respostas e concessões”. A docente comentou ainda que há uma proposta do Governo Federal de uma mesa de negociação setorial para tratar dos planos de carreira, agendada para a próxima segunda-feira, 13, e que ainda não foi agendada nenhuma nova mesa para tratar dos reajustes salariais.
No estado de São Paulo, todas as instituições federais já estão com docentes e servidoras/es técnico-administrativas/os (TAEs) em greve. Em nível nacional, segundo o Sindicato Nacional das/dos Docentes do Ensino Superior (ANDES-SN), existem 50 universidades e institutos federais (IFs) com docentes em greve, com uma instituição com indicativo de adesão para os próximos dias. Conforme a Federação dos Sindicatos das/dos Trabalhadoras/es Técnico-Administrativas/os em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), atualmente são 69 universidades com servidoras/es técnico-administrativas/os com os trabalhos paralisados.
Debate e deliberações
Durante a Assembleia Geral, as/os docentes discutiram sobre o formato da greve, se intermitente ou contínua — ponto que ficou em aberto desde a última assembleia, realizada na segunda-feira passada, em 29 de abril. A Diretoria da ADUFSCar abriu espaço para falas contrárias e favoráveis aos dois formatos, e a greve contínua, que havia sido proposta pela Diretoria, foi aprovada por 154 votos favoráveis contra 80 votos contrários, defensores de uma greve intermitente.
Após o debate e deliberação sobre o formato de greve, foi constituído o Comando Local de Greve. O objetivo é que até o final desta semana, docentes representantes de todos os centros de ensino da UFSCar se somem ao Comando para construção e organização das atividades de greve.
Calendário de mobilização
Por conta da greve de todas as categorias da UFSCar, o calendário administrativo já se encontra congelado, conforme informou a Reitoria da Universidade à Diretoria da ADUFSCar, em reunião realizada na manhã de ontem (06). Neste sentido, durante o período de greve haverá um calendário de mobilizações, com atividades formativas para o conjunto da comunidade interna e externa.
Hoje, 07, as entidades representativas das categorias em greve se reunirão com a Reitoria, às 14 horas. Na sequencia, às 16h, acontecerá a primeira reunião do Comando Local de Greve. A noite, a partir das 19h, ocorrerá o lançamento do livro “Contra o Sionismo: retrato de uma doutrina colonial e racista”, do jornalista Breno Altman, no Auditório do NAP/CECH (atrás do AT8), no campus São Carlos da UFSCar.
Amanhã, quarta-feira, 08, ocorrerá a primeira plenária multicategoria setorial, organizada pelas quatro entidades representativas da UFSCar nos quatro campi. Também haverá a instalação de uma tenda de apoio à greve, na Praça da Bandeira, localizada na Área Sul do campus São Carlos.
Na quinta-feira, 09, por conta do Ato Nacional em Defesa das Universidades e dos IFs, na Avenida Paulista, será disponibilizado um ônibus para todas as categorias, com saída durante a manhã e chegada durante a noite. Na sexta-feira, 10, será realizado um curso de primeiros socorros em saúde mental, oferecido pela ADUFSCar em parceria com a Coordenadoria da Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (ProACE).
Continuidade de atividades da Universidade
Em negociação com a Reitoria, a ADUFSCar solicitou que mesmo com a deflagração da greve, alguns setores da Universidade tenham continuidade em seus serviços, a exemplo das comissões para seleção de concursos públicos, a aplicação das provas de recuperação, os estágios em saúde e licenciaturas e o funcionamento da Unidade de Atendimento à Criança (UAC). Conforme pontua a professora Fernanda Castelano: “A unidade entre as categorias e a gestão da nossa universidade é fundamental nesse momento”.
Greve das/os técnico-administrativas/os e estudantes
A Assembleia Geral também contou com a participação de representantes do Sindicato das/dos Servidoras/es Técnico-Administrativos da UFSCar (SINTUFSCar), da Associação de Pós-Graduandos (APG) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE-Livre), que informaram sobre a adesão das outras categorias ao movimento paredista.
Conforme Doni Silva, servidor técnico-administrativo e diretor do SINTUFSCar, “há uma rejeição unânime das/dos TAEs com a proposta de reajuste salarial e contrapropostas que o Governo Federal tem apresentado”: “Saudamos o movimento grevista das/dos docentes da UFSCar, que está coberto de razões para ocorrer neste momento. Para nós, a adesão das outras categorias à greve nacional fortalece o movimento em seu conjunto”.
Marcelo Hayashi, estudante da pós-graduação e diretor da APG, complementou que as/os estudantes da pós-graduação se reuniram numa “assembleia histórica”, de participação muito expressiva, que deliberou pela adesão à greve das/dos docentes: “Na última sexta-feira, 03, nos reunimos com estudantes da pós dos quatro campi para debater as questões referentes à greve. Aprovamos a adesão da nossa categoria ao movimento, e algumas das pautas que reivindicamos são referentes ao aumento do número e do valor das bolsas, a concessão de bolsas de licença maternidade e paternidade e o aumento do número de TAEs para programas de pós-graduação”.
Juliana Gregório, estudante da graduação e coordenadora do DCE-Livre, aponta que o movimento estudantil “se coloca na confluência da mobilização das outras categorias”: “Estamos em greve, e entendemos a importância de construirmos uma mobilização conjunta, que articule todas as nossas forças, já que as reivindicações são atravessadas por todas as categorias”.
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