Ao completar um mês desde a deflagração da greve docente, a ADUFSCar sediou o 2º Encontro da Regional São Paulo do Sindicato Nacional das/dos Docentes do Ensino Superior (ANDES-SN) nesta sexta-feira, 07, no campus São Carlos. Com o tema “Desafios do movimento docente no estado de São Paulo”, o evento contou com representações dos sindicatos docentes das universidades estaduais e federais paulistas e com membros da direção nacional do ANDES-SN.
Retorno ao ANDES-SN
Por quase duas décadas, a ADUFSCar esteve filiada à Federação de Sindicatos de Professores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico (Proifes-Federação), revertendo essa situação quando as/os docentes dos quatro campi da UFSCar deliberaram pela reincorporação da entidade enquanto seção sindical do ANDES-SN, em junho do ano passado, após meses de um processo de debate sobre a regularização da perda do registro sindical da entidade. A decisão da categoria foi homologada no 42º Congresso do ANDES-SN, realizado na Universidade Federal do Ceará (UFC) em Fortaleza, em 1º de março de 2024.
A realização do 2º Encontro da Regional São Paulo do ANDES-SN na ADUFSCar marca o momento de alinhamento às pautas e lutas do movimento docente do ensino superior federal. Conforme apontou a professora Fernanda Castelano, presidenta da ADUFSCar: “é uma honra podermos sediar esse encontro, num momento em que estamos voltando a construir os laços com essa entidade e que estamos em greve, na luta em defesa da nossa categoria”.
Desafios do movimento docente
O professor Gustavo Seferian, presidente do ANDES-SN, vinculado à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ressalta que o movimento sindical brasileiro tem vivenciado um conjunto de impactos adversos no último período. Em suas palavras: “Por um lado, temos muito a enfrentar naquilo que se refere à consolidação da nossa democracia, como é o caso do embate à embate à extrema-direita e às práticas antidemocráticas e antissindicais. Por outro, temos desafios específicos da atual conjuntura. Demonstrados no processo de negociação da nossa greve com o atual governo”. Em sua fala, Seferian realizou um breve levantamento do processo de mobilização e negociação da greve nacional das/dos servidores da educação junto ao Governo Federal, e sinalizou que as/os docentes vivenciaram recentemente “uma tentativa de golpe do Governo Federal junto à Proifes-Federação no processo de negociação das reivindicações da greve”.
Segundo o professor Helton Saragor, 2º Vice-presidente da Regional São Paulo do ANDES-SN, vinculado à Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), atualmente existe um cenário de mobilização no estado de São Paulo em defesa das universidades federais e estaduais paulistas: “Estamos construindo lutas sociais muito relevantes nesse cenário, que enfrentamos localmente, cheio de desafios”; e acrescentou: “Além da luta por melhorias salariais, por melhores condições de trabalho e por maior investimento na educação, aqui em São Paulo enfrentamos a política da extrema-direita”.
Nessa mesma direção, a professora Gabrielle Weber, 1ª Secretária da Regional São Paulo do ANDES-SN, vinculada à Universidade de São Paulo (USP), salientou que o Governo Estadual de Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem realizado uma sequência de fortes ataques à educação pública, de modo geral, e às universidades estaduais, em específico. “Há ataques orçamentários e pressão por produtivismo que impactam diretamente no funcionamento e na qualidade dos nossos trabalhos e também na nossa atuação coletiva. Precisamos construir a indignação coletiva, e a luta contra o movimento antissindical”.
O professor Marcos de Oliveira Soares, vice-presidente da ADUFSCar, comentou que a greve nacional das/dos servidores da educação federal tem demonstrado que “é possível e necessário fazer a luta”. “As políticas implementadas estadualmente pelo governo Tarcísio de Freitas, e aquelas que nacionalmente eram implementadas pelo governo anterior, de Bolsonaro (PL) e que são implementadas pelo atual governo, de Lula (PT), nos impactam diretamente”. Em sua fala, o docente chamou atenção à importância da renovação geracional do sindicalismo e à continuidade da construção de força nas mobilizações e lutas atuais.
Luta unificada
Na parte da tarde, na Tenda da Greve, localizada na área Sul do campus São Carlos, foi realizada uma roda de conversa sobre as lutas das universidades federais, com representações dos comandos locais de greve da ADUFSCar e da ADUNIFESP (Associação de Docentes da Universidade Federal de São Paulo (ADUNIFESP), bem como do Diretório Central dos Estudantes (DCE – Livre) e do Sindicato das/dos Servidoras/es Técnico Administrativos da UFSCar (SINTUFSCar). Essa atividade foi incluída no calendário de mobilização da greve realizada por todas as categorias da UFSCar.
Na sequencia, ocorreu uma mesa para discutir o plano de lutas das universidades estaduais, composta pelo professor Jefferson Rodrigues Barbosa, 1º Tesoureiro da Regional São Paulo, pelas professoras Silva Gatti e Michele Schultz, presidentas das Associações das/dos Docentes da Universidade Estadual de Campinas (ADUNICAMP) e Universidade de São Paulo (ADUSP), e pelo professor Antônio Luís de Andrade, presidente da Associação das/dos Docentes da Universidade Estadual Paulista (ADUNESP).
A mesa de encerramento, realizada às 17h30, contou com a participação das professoras Regina Célia da Silva, 2ª Tesoureira da Regional São Paulo, e pela professora Fernanda Castelano.
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