A sexta semana da greve docente terminou com uma mesa de debate com a deputada federal e ex-aluna da UFSCar, Erika Hilton (PSOL). Uma nova semana se inicia, com assembleia geral e atividades de mobilização.
Erika Hilton na UFSCar
Como parte do calendário de mobilização construído pela ADUFSCar em parceria com o Comando Unificado de Greve com representantes da Associação de Pós-Graduandas/os (APG), do Diretório Central dos Estudantes (DCE-Livre) e do Sindicato das/dos Servidoras/es Técnico-Administrativas/os da Universidade Federal de São Carlos (SINTUFSCar), na sexta-feira, 14, na Tenda da Greve, localizada na área Sul do campus São Carlos, foi realizada a Aula Pública “Cadê o dinheiro da universidade? Reflexões sobre a política institucional e educação pública” com a participação da deputada federal, eleita pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), e ex-aluna da UFSCar, Erika Hilton.
Na oportunidade, a parlamentar discutiu sobre a conjuntura nacional e os desafios enfrentados no âmbito da manutenção e reivindicação de direitos sociais, ressaltando o avanço do conservadorismo na sociedade brasileira e nos diferentes âmbitos do Poder Legislativo: “No Senado, na Câmara dos Deputados, nas Assembleias Legislativas e nas Câmaras de Vereadores, em todas as partes estão fazendo da política e da sociedade uma rifa, uma moeda de troca para manterem o poder e avançar com os interesses da manutenção do status quo”; e acrescentou: “Eles não trabalham pela democratização, pelo fim das desigualdades, pela democracia, pela constituição dos direitos dos mais vulneráveis e pela política como uma plataforma de reorganização da sociedade e de fortalecimento do Estado para que todos tenham condições justas e igualitárias”.
Defensora dos direitos das mulheres, da população negra e LGBTQIAPN+, Erika Hilton ressaltou a importância da constituição e fortalecimento das lutas populares: “Nós não temos, nem nunca tivemos, a opção de abandonar a luta, a opção de desistir de lutar, porque sabemos que se lutando já vemos muitos de nós morrerem da forma que morrem, sem a luta tudo seria ainda mais difícil. Vivemos um cenário difícil, conturbado e preocupante. Mas quando eu olho para a cronologia da história, vemos que nós já vivemos cenários ainda mais difíceis, conturbados e preocupantes”; e pontua: “Foi a nossa desobediência e revolta organizada que fizeram com que nós fossemos mudando os rumos da história”, afirmou.
A parlamentar também discutiu sobre a importância da educação, de forma geral, e das universidades, em específico, no funcionamento e na transformação da sociedade e a relevância dos investimentos públicos nas instituições de ensino superior, sobretudo com relação às políticas de permanência estudantil: “As universidades eram lugar das elites e hoje está diferente. Nós estamos construindo a história com as próprias mãos, dizendo que se não nos derem, nós tomaremos. Que se não compartilharem, nós pegaremos. Porque já não aceitamos mais o modelo de sociedade que nos empurra para as margens”, destacou a deputada.
Depois da Aula Pública, às 19h, Erika Hilton participou de uma atividade solene no campus, onde recebeu o título de cidadã honorária do município de São Carlos, promovido pelo mandato do vereador Djalma Nery (PSOL).
Negociações em Brasília
A crescente mobilização de docentes, servidoras/es técnico-administrativas/os (TAEs) e estudantes de graduação e pós-graduação, expressada na continuidade da greve nacional da educação, envolvendo, atualmente, 62 instituições federais de ensino, tem surtido efeitos nas negociações com o Governo Federal.
Em reunião realizada na sexta-feira, 14 de junho, com o propósito de debater reivindicações não-remuneratórias, os ministérios de Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) e da Educação (MEC) sinalizaram aos representantes do ANDES-SN, SINASEFE e FASUBRA o reconhecimento de algumas das pautas da mobilização grevista.
A principal delas, é que o MEC, no âmbito de suas competências e atuação, adotará medidas necessárias em apoio às negociações da mesa específica e temporária da educação. Ademais, os ministérios sinalizaram a revogação imediata da Portaria 983, que, dentre outros problemas, alterou a carga horária mínima e impôs o ponto eletrônico para docentes do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT); a ampliação do Reconhecimento de Saberes e Competências (RSC) para docentes aposentadas/os do EBTT; a previsão de regras padronizadas nacionais para a progressão docente; e a revogação da Normativa 66, que dificulta a progressão docente e que tem sido alvo de vários processos judiciais.
Na semana passada, o prof. Aldenor da Silva Ferreira, do campus Lagoa do Sino, participou das atividades do Comando Nacional de Greve do ANDES-SN, em Brasília, representando o Comando de Greve Docente da UFSCar. Em documento divulgado ontem (16), o CNG destaca que desde a deflagração da greve nacional pela educação, o movimento conseguiu conquistar, dentre outros pontos, a recomposição parcial do orçamento das instituições federais; 5,6 mil bolsas permanência para estudantes indígenas e quilombolas; implementação do reajuste de benefícios (como os auxílios alimentação, saúde suplementar e creche), apesar de ainda não haver equiparação com os demais benefícios dos demais poderes; início da mesa setorial permanente de negociação do MEC; elevação do reajuste salarial linear, aos docentes, oferecido até 2026 de 9,2% para 12,8%, sendo 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026; elevação do valor salarial para ingressantes na carreira docente.
Já se passaram dois meses desde o início da greve nacional. As diferentes categorias continuam se envolvendo em ações dentro e fora dos campi. O Comando Nacional de Greve sugere que sejam realizadas novas rodadas de assembleias gerais para análise de conjuntura e avaliação da greve, levantando as questões referentes à continuidade das negociações e da atividade paredista.
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